A roda de conversa celebrou os avanços e projetou novas possibilidades para o futuro do projeto
‘Diversidade em Pauta’, a roda de conversa organizada pelo projeto de extensão A Diversidade de Todos Nós, marca o encerramento das atividades no ano de 2024. O evento aberto à comunidade ocorreu no dia 30 de novembro e teve como objetivo promover discussões sobre temas relacionados à diversidade cultural.
Realizado no campus da Unesp de Bauru, o encontro reuniu integrantes do projeto, convidados que participaram do videocast Diversidade Na Tela – produto audiovisual desenvolvido pelo projeto a fim de ampliar debates sobre questões sociais sensíveis – e membros da sociedade civil. Aos interessados que não puderam estar presencialmente, houve a possibilidade de participar de forma remota, por meio de uma sala do Google Meet.
Para a coordenadora do núcleo de assessoria de comunicação do projeto e aluna do quarto semestre de jornalismo, Luísa Tabchoury, a roda de conversa foi a oportunidade de relembrar os esforços realizados e reconhecer as conquistas alcançadas. “Foi o momento para observar de perto os resultados de um ano de muito trabalho, dedicação e sucesso”, diz.
Com o intuito de propor um diálogo horizontalizado, a mediação do evento foi feita pela coordenadora do projeto, Vivianne Cardoso, que se atentou a sempre realizar provocações que levassem a um debate. O que, para o fundador e coordenador do Fruto Urbano, Miguel Axcar, foi essencial para que as diferentes visões pudessem ser compartilhadas. “A troca de experiências foi inspiradora”, comenta.
Axcar participou do episódio sobre natureza gravado para a segunda temporada do videocast e chama atenção para a importância de o projeto ter incluído a preocupação com questões ambientais como um tema de diversidade cultural. “Reforçou o nosso compromisso com ações que promovam impacto positivo na sociedade.”, acrescenta.
Dentre os temas discutidos durante a roda de conversa, o futuro do A Diversidade de Todos Nós teve destaque. Todos foram convidados pela coordenadora a refletir sobre os feitos do projeto e pensar em melhorias, além daquilo que funcionou e deve seguir igual para os próximos anos. A ativista alimentar e psicóloga Vitória Góes diz que “feedbacks são sempre necessários” e afirma que o ato de reunir pessoas que atuaram junto ao projeto e pensar em conjunto em atividades futuras tem um impacto muito positivo e significativo.
Reflexões internas
Estruturar um projeto que tem como missão atuar ativamente na sociedade foi um dos desafios enfrentados ao longo do ano. A iniciativa, que surge oficialmente no segundo semestre do ano anterior, faz com que 2024 se torne o ano de realizações.
Alunos que acompanharam a formação da iniciativa comentam que o processo de organização não foi fácil, mas tem dado resultados, principalmente nos últimos meses. “Esse ano vi o projeto de extensão ser consolidado e produzir coisas muito legais que fazem com que eu me orgulhe de fazer parte dele”, diz a produtora de conteúdo Sofia Souza, que é integrante desde a formação do projeto.
O núcleo de assessoria é o responsável pela atualização e manutenção das redes sociais. Os alunos que participam desta frente, além de aprenderem sobre os temas de diversidade cultural comentados nas postagens, desenvolvem habilidades utilizadas durante a graduação e no mercado de trabalho.
A integrante do núcleo, Marina Longhitano, destaca ainda outra característica marcante da equipe: a abordagem simples mas cuidadosa para lidar com temas sensíveis. “A equipe é comprometida com a inclusão social e com a valorização de obras audiovisuais como forma de conscientizar a população”, aponta.
Visão compartilhada por sua colega de assessoria Isabela Santana, que diz que a “experiência é benéfica para a construção de uma outra visão de mundo”. Santana ainda complementa contando que através do projeto conheceu pessoas e organizações importantes para promover a diversidade na cidade de Bauru que não teria acesso se não fizesse parte da equipe.
Com a intenção de devolver à sociedade o conhecimento produzido na universidade pública, o projeto A Diversidade de Todos Nós desenvolveu produtos ao longo do ano: o Manual de Gênero de Sexualidade e o videocast Diversidade Na Tela. Os lançamentos destes produtos se tornaram marcos que elevaram a credibilidade e visibilidade do projeto.
O Manual faz uso de uma linguagem didática e objetiva para explicar termos e outras coisas relacionadas às questões de gênero e sexualidade. Para um dos escritores do Manual e organizador da roda de conversa, Bernardo Corvino, os produtos carregam grande representatividade. “Mostra que, apesar de sermos ‘minorias’, somos capazes de realizar coisas muito importantes e é essencial que a nossa voz seja alta”, declara.
Já o videocast, ao longo de suas duas temporadas, promoveu debates inclusivos entre as apresentadoras – todas alunas do curso de jornalismo da Unesp Bauru – e os convidados sobre diversos temas. Um dos episódios da segunda temporada, lançada em novembro, contou com a participação de Maria Printes, uma mulher com deficiência visual que também estuda jornalismo e falou sobre suas dificuldades e sua rotina. A coordenadora do projeto, Viviane Cardoso aponta esse como um dos principais episódios e comenta como é importante esse espaço que o videocast abriu para Maria, pois deficiências que alteram a “aparência física padrão” dificilmente tem vez em lugares como a televisão aberta, por exemplo.
Em uma troca de experiências e conhecimento com os convidados, as apresentadoras também absorveram muito daquilo que foi abordado no videocast. “Pude conversar e conhecer pessoas incríveis, com ideias que não vão sair da minha cabeça tão cedo”, diz Larissa Mateus, uma das apresentadoras, ao refletir sobre o quanto aprendeu com o projeto.
Futuro
Com reflexões positivas sobre as realizações ao longo do ano, os alunos e a coordenadora fazem projeções para o futuro do A Diversidade de Todos Nós. Ao ser renovado para 2025, todos esperam que o projeto possa atrair ainda mais a atenção dos alunos e da comunidade para além dos muros da Unesp. As discussões devem ganhar cada vez mais empenho, mesmo que com abordagens diferentes, como foi discutido durante a roda de conversa.
Durante o encontro de novembro, Góes diz ter gostado muito de estar presente e deixa como sugestão a ideia de que o projeto não pare com suas ações e continue sempre construindo uma rede de pessoas para que possam levar a diversidade por onde passarem.
Sentimento partilhado entre os integrantes do projeto que, ao verem as conquistas deste ano, têm esperanças de alcançarem ainda mais realizações em 2025. “Me trouxe expectativas de um futuro muito bom”, reflete Longhitano.
Falar de diversidade é um desafio por se tratar, muitas vezes, de temas sensíveis para algumas pessoas. Por isso, a participante do núcleo de identidade visual, Isadora Gonçalves, acredita que é necessário reconhecer as individualidades, diferenças e privilégios e que o caminho para uma mudança é uma mobilização conjunta. “Ainda existe muito preconceito e desinformação e o que a gente pode fazer é retornar para a sociedade o conhecimento, o senso crítico e toda a consciência que nós conseguimos adquirir dentro da universidade pública, e é isso que o projeto representa”, finaliza.