Entenda como o letramento racial pode ser o caminho da igualdade
O Brasil é um país rico em diversidade étnica e cultural. Segundo o Censo de 2022, mais da metade da população brasileira se identifica como preto ou parda, totalizando 55,5%. Mesmo assim, pesquisa realizada pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) revela que 51% dos brasileiros já presenciaram um ato de racismo, e 60% consideram o Brasil um país racista.
Mas como mudar esse cenário? O letramento racial é um processo educacional, que começa com o entendimento da história do racismo e suas consequências. Nesse caminho, é importante dar voz a autores negros e valorizar a cultura afro-brasileira.
O livro “Racismo Estrutural” de Silvio Almeida aborda como o racismo está enraizado nas instituições brasileiras e afeta diversas áreas como a educação, saúde e a justiça. Silvio argumenta que para combatê-lo é necessário reconhecer que ele está presente em todas estruturas da sociedade: “O racismo estrutural é um fenômeno complexo que vai além das atitudes individuais, sendo parte integrante das instituições sociais”.
A música, cinema, teatro e literatura são ferramentas importantes que ajudam na compreensão da causa. O rap e o samba são ritmos que historicamente dão voz às questões raciais. Artistas como Emicida, em seu álbum “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa”, abordam temas de identidade, resistência e esperança.
A cultura não apenas entretém mas traz a oportunidade de reflexões profundas sobre temas complexos. A escritora e filósofa Djamila Ribeiro, em sua obra “Pequeno Manual Antirracista” esclarece maneiras práticas e acessíveis para quem deseja compreender melhor as questões raciais e agir de maneira antirracista.
“Para ser antirracista, é preciso primeiro reconhecer os privilégios que a branquitude oferece e, em seguida, trabalhar ativamente para desmantelar as estruturas que perpetuam o racismo”, argumenta a autora.
O conceito de letramento racial abrange a compreensão das desigualdades, a eliminação das práticas racistas e toda a dinâmica racial na qual o Brasil está inserido. É um passo fundamental para construir uma sociedade igualitária. Ao consumir e promover produtos culturais brasileiros que trazem à tona essas questões, contribuímos para a disseminação do conhecimento e a transformação social.
Dia 3 de Agosto é celebrado o Dia do Combate à Discriminação Racial, e a responsabilidade do letramento racial é uma tarefa de toda a sociedade, governo, instituições educacionais, empresas e afins, para promover a valorização da diversidade e do respeito à todos em nosso país.