Resenha da obra moderna “Operários”, de Tarsila do Amaral

Pintura datada do início dos anos 1930, período de estopim da industrialização brasileira, é marcada pela crítica à desumanização étinico-social dos imigrantes

A obra modernista “Operários” de Tarsila do Amaral, datada do ano de 1933, reflete a questão da imigração e da industrialização da sociedade brasileira. A interpretação da pintura nos permite observar a diversidade étnica-social dos operários que formaram o processo industrial do Brasil dos anos 1930. Além disso, destaca-se a retratação da complexa formação populacional do país, resultante de sucessivas ondas de imigração, advindas dos continentes europeu, africano e asiático. 

Na obra, Tarsila apresenta os imigrantes como uma massa de trabalhadores, todos representados de maneira homogênea com praticamente o mesmo semblante, refletindo a perda da identidade e da individualidade frente ao sistema industrial que se formava no território brasileiro. Dessa forma, observa-se uma exposição da diversidade étnico-cultural, diversidade essa que “Operários” apresenta de certa forma como “apagada” em nome da eficiência e do progresso do sistema econômico que acabava de se formar. Assim, a obra pode ser vista como uma crítica ao novo modelo que expunha os imigrantes à condição de peças anônimas dentro da máquina industrial. 

Para a conclusão da obra, Tarsila utiliza majoritariamente cores primárias e uma paleta predominantemente terrosa, além de uma estética geométrica influenciada pelo cubismo, estilo modernista no qual é visível na simplificação das formas, dando destaque à estrutura coletiva, o que reforça a mensagem de alienação e trabalho em massa. 

No contexto do modernismo brasileiro, a obra se destaca por incorporar elementos europeus de vanguarda (como o cubismo e o surrealismo), mas não deixando de lado a tradução desses modelos à uma realidade tipicamente brasileira. A artista deixa bem claro sua intenção de explorar a dualidade entre o progresso econômico e a marginalização dos indivíduos imigrantes que incorporavam a massa de trabalhadores que faziam este novo modelo progredir. 

A obra “Operários” de Tarsila do Amaral explora profundamente a questão da diversidade étnico-social, refletindo as transformações que o Brasil, particularmente São Paulo, experimentava no início do século XX com a imigração em massa e o crescimento da classe trabalhadora urbana. A pintura capta a heterogeneidade da população e a mistura de diferentes etnias, revelando a complexidade social do país. 

Portanto, “Operários” é uma representação visual da diversidade étnico-social do Brasil. Tarsila do Amaral consegue, através de uma composição de rostos plurais e etnicamente diferentes, capturar a complexidade da formação da sociedade brasileira, formada por imigrantes europeus, africanos e asiáticos. Além disso, consegue escancarar dinâmicas sociais que compunham o Brasil em plena transformação industrial.